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quarta-feira, 24 de julho de 2013

do nascimento da Aurora

Então
daquela vez
era a vez
do era uma vez
a vez de Aurora.
Aurora que
(não nasceu Aurora,
mas)
nasceu Maria.
Maria da dona Augusta.
A da rua de baixo,
do bairro de cima,
da cidade ao lado,
que fica bem perto
de um lugar-nenhum,
de um aonde
que se anda-anda
e que nunca chega
mas continua andando
que um dia chega...
- foi a Maria
que virou Aurora
que veio de lá
que nos contou.

sábado, 20 de julho de 2013

asneirice etílica . um

assim,  já meio bobo, meio desalinhado, ele lhe disse:
"ah você..."
foi ignorado. 
se aproximou, trocando as pernas, com um sorriso de lado, olhos caídos...
"ah você..."
"você tá bêbado!", foi a resposta.
insistente, ele prosseguiu. 
"ah você."
"o quê que tem eu?
vai.
diga.
abra-se."
ele desfez o sorriso. alinhou o corpo.
equilibrou-se.
desabotoou a camisa.
com os dedos, escancarou seu peito fazendo maior a distância entre as costelas.
permaneceu ali, de peito aberto por alguns instantes.
deixou-se ser observado.
"viu?
 há você."
então fechou tudo o que tinha para fechar.
voltou a desequilibrar-se.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

acasificando

por acaso pensei
no que eu seria 
capaz
por um acaso -
eu disse um 
e não dois -
um acaso!
daqueles acasos
únicos
(por isso um
e não dois)
que põe a vida
pra tintilear
um tintilear tão bonito
que escorre pros olhos
goteja no músculo
(o tintumbiante)
aquele, o pulsante
não o que fica sem ar
depois de te encontrar
num aonde qualquer
na feira, na peça
sorrindo, cantando
no banho, no quarto
tudo assim
por um acaso.