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domingo, 4 de outubro de 2015

frevo por acaso (do Cícero Rosa Lins)

e o que a que gente faz daquela angústia/ (dá aquela angústia!) / e se um dia precisar/ de alguém pra desabar/ de alguém pra desabar/ eu tô por aí/ .................................................................................................................................................................. 

quarta-feira, 22 de julho de 2015

imagino muito
imagino:
um grito do documento 12 do word, ralhando comigo:

- sai daqui, e só volte quando souber de verdade o que quer contar!

imagino de tudo
menos a peça que eu deveria escrever. 

segunda-feira, 8 de junho de 2015

"É por isso que eu peço: cuidado com o que planta no mundo. Cuidado com o que toca; com a capacidade que gente tem de se envolver com as coisas. Não adianta fingir que não sente. Gente sente tudo, se envolve com tudo! Sou eu que estou pedindo isso. Façam isso por mim. Por mim!, por mim!, por mim!"

Grace Passô, "Por Elise"

sábado, 30 de maio de 2015

não diremos nada
ficaremos assim
diante do fato consumado

de olhos esbugalhados
tentando conter o coração na boca
para que ele não escapula
e manche a cena
diante de nós
com outros tons

ficaremos assim
como se os olhos olhassem pela primeira
ou derradeira vez.

espantados,
desentendidos.
analfabeto de todas as palavras
que rezem alguma explicação.

não piaremos.
não faremos alarde.
não cairemos na armadilha
de teorizar

o acontecido.

seremos analfabetos de todas as palavras que rezem explicação
e isso será um milagre

o ocorrido

ninguém dirá
ter previsto
ou emitirá quaisquer opinião.

mentirei porém se falar de silêncio absoluto.

haverá gritos em outras línguas
de difícil assimilação
inaudíveis aos ouvidos nus.

elas, possivelmente, festejam

a verdade irrefutável

da concretude dos fatos

que nos tornam cúmplices
e
devotos do mais sincero silêncio
que conserva os mistérios
disso que está posto
diante de nós.

30 mai 2015