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quinta-feira, 30 de junho de 2011
se eu pudesse, eu te diria



sexta-feira, 21 de maio de 2010
O primeiro: Feito?
O segundo: ...
O PRIMEIRO ABRAÇA O SEGUNDO. ELE SUJA SUA ROUPA COM A SUJEIRA DA ROUPA DO SEGUNDO. DELICIA-SE UM INSTANTE COM AQUELAS MARCAS DE SANGUE.
O primeiro: Você é o melhor amigo que eu poderia ter!
O segundo: Está lá!
O primeiro: Que outra pessoa faria isso por mim?
O segundo: Ali...
O primeiro: O dia está bonito, parece até que adivinhou...
O segundo: Preciso me limpar...
O primeiro: Bobagem! Vamos brindar!
O segundo: Eu preciso!
O primeiro: Não precisa! Senta! (ele senta) Bebe!
O segundo: Tenho sede.
O primeiro: Bebe mais!
O segundo: Não vai vê-la?
O primeiro: Agora não...
O segundo: E quando vai?
O primeiro: Já!
O segundo: Ela não podia ser de dois homens!
O primeiro: Que bom que você entende isso!
O segundo: Nem sua, nem dele!
O primeiro: Quer mais bebida?
O segundo: O outro...
O primeiro: Só um bom amigo para sentir o que eu sinto quando penso nela com o outro...
O segundo: Os telefonemas...
O primeiro: Pena não ter trazido gelo...
O segundo: As noites que ela pertencia a ele!
O primeiro: Te doía pensar assim também?
O segundo: Como?
O primeiro: Quando ela não era sua, mas minha?
O segundo: ...
O primeiro: Beba mais um pouco, meu caro amigo!
O segundo: Deixei de ser seu amigo faz muito tempo.
O primeiro: Desde a primeira vez que a minha mulher se tornou sua ou desde a hora que você assassinou a minha mulher?
O segundo: Preciso me limpar.
O primeiro: Não precisa! Para estampar as primeiras páginas dos jornais é melhor assim.
O segundo: ...
O primeiro: Quase um Romeu e Julieta!
O segundo:...
O primeiro: Ela, morta pela lâmina e ele por um veneno mortal.
O segundo: Sempre soube de tudo?
O primeiro: Claro, meu bom amigo!
O SEGUNDO CAI MORTO, COM O VENENO DO SEU CHAMPGNE.
O primeiro: Um brinde!


terça-feira, 11 de agosto de 2009
Quinta Parte
***
-- Não é brincadeira.
-- A merda, Pedro! Estive com ele não faz duas horas. O professor, a esta altura, deve estar...hum... Pensemos... Tomanhando um licor, junto a sua senhora, depois de um farto jantar. -- minha voz assumiu um tom infantil. -- Como eles formam um belo casal, aqueles dois.
-- Pára com isso!
Não lhe dei atenção. Prossegui:
-- Pena que você e a Vitória não poderão ter um futuro bonito como o presente dos Abravanel. Pelo menos não em vida. Se eu fosse você passava a acreditar agora em vida eterna, céu, Deus, essas coisas. Acho que vai tornar tudo mais fácil pro seu lado...
-- Ela é minha de novo? Pois bem, agora eu que não quero. Não posso aceitar tamanha solidariedade da sua parte. Mas olha pelo lado bom: Pelo menos lá no céu eles devem ter assinalado esta sua tentativa solidária de me fazer o bem. Você vai ter como argumentar antes de ir direto pro inferno.
-- Isso é pra ser engraçado, Tiago?
-- Quer saber, Tiago? Esta sua ceninha em nada me comove.
-- Ah, não?! - tomei um gole do vinho.
-- Não. E sabe por que?
-- Prefiro que você me conte.
-- Porque eu não consigo enxergar em você nenhum sentimento pela Vitória. Nem agora, nem antes. E se você algum dia sofreu de verdade não foi mais que merecido.


terça-feira, 4 de agosto de 2009
Quarta parte
***
-- Você é o culpado por tudo isso, Tiago!
-- Cala sua boca!
-- Eu não lhe entendo. Foi você quem fez as opções que fizeram a vida tomar este rumo.
-- Se eu estivesse atrás de entendimento teria ido a um psicólogo.
Pedro fixou seu olhar em mim.
-- Você não veio aqui pra me visitar, não é?
-- É o que parece?
-- Tão pouco para ver a Vitória...
-- Estamos começando a entender o joguinho, Pedro!
-- O que você veio fazer aqui, Tiago?
-- Ah! Tava tão bom! Continue, Pedro!
Pela primeira vez eu quem dominava a situação. O risinho cínicio havia sumido do rosto dele. Percebi também uma certa apreensão na sua voz . Coisa demais para alguém que só sabia variar para o tom irônico.
-- Fala logo, cacete!
-- Eu não quero falar, Pedrão! Quero fazer a linha psicopata.
-- Babaca.
-- Isso, assim! Vamos... Continue. E olha que eu ainda nem lhe mostrei o principal.
-- O que será o principal, Tiago? Uma arminha?!
Pedrou soltou uma sonora, porém nervosa, gargalhada.
-- Mas como você é óbvio.
-- Ás vezes é na obviedade que se encontra o acerto.
-- É? E essa frase? Pesquisou na internet antes de vim pra cá, bancar o psicopata?
-- Íncrivel sua incapacidade de sentir o risco que corre, Pedro.
-- Talvez seja porque ele não exista. - ele disse. E num passe seu rosto voltou a estampar o velho sorrisinho.

Minha mão sacou a arma, que até então estava presa no cós da minha calça. Apontei instintivamente para a cabeça dele.
-- E agora? Será que isso serve de estímulo para os seus instintos?
Ele engoliu seco.
-- Me parece que você queria falar muito comigo, Pedro. Pelo menos foi o que você me disse quando eu cheguei. Estou todo ouvido.
Puxei uma cadeira que ficava no pé da cama e me sentei.
-- Faça o mesmo! - ordenei.
Ele, vagarosamente, abaixou-se e sentou no chão, com o olhar fixo na arma.
-- Achei que gostaria de saber, Tiago. - ele me disse.
-- Saber o que, carissímo?
-- Que o professor Benjamim foi assassinado! - a voz de Pedro transbordou firmeza com esta exclamação. -- E que o próximo da lista deles sou eu.


domingo, 2 de agosto de 2009
Terceira parte
***

-- Ela não está aqui, Tiago! - quase tive um ataque do coração quando percebi a presença dele atrás de mim, no pequeno corredor.
De fato: Os pensamentos pareciam ter me cegado. Abri a porta, liguei a luz do cômodo e contemplei, mas não tinha dado por mim até o momento que o Pedro apareceu.
-- Onde ela está?
-- Na casa dos pais dela, caso tenha sorte.
A cama estava feita e o quarto surpreendentemente arrumado. Com certeza ela quem havia colocado ordem nas coisas. Não! Não era o momento de ficar maquinando histórinhas. Ele ainda não havia me dito onde ela estava com certeza.
-- Caso tenha sorte?
-- Me parece que o pai dela não a queria nunca mais sob o teto dele.
-- E por que ela não está aqui?
-- Porque aqui não é mais o lugar dela. Aliás: nunca foi.
Pedro me entregou outra taça de vinho transbordando. O cheiro quase me fez vomitar. Meus músculos formigavam e eu tremia por dentro.
-- Fala logo, cacete! Ela estava vivendo aqui, com você!
-- Estava. A mandei embora. Aqui não é lugar pra ela. Não ao meu lado.
-- Filho de uma puta!
-- O que há, Tiago? - Pedro perguntou, me encarando. -- Eis aí uma realização de um sonho, não? Ela não tá mais comigo! Do jeito que você tanto desejou.
-- Desejei o escambau.
Ele riu-se.
-- O escambau! - a gargalhada dele adquiriu um ar irônico, como sempre. -- Fala que não, Tiago! Fala! Me diz que eu estou enganado, mas me convença. Do contrário terei a certeza de que você não passa de um ressentido.
Não consegui falar. A voz me traía, junto com o corpo que se imobilizara, não permitindo que eu sacasse a arma e fizesse o filho da mãe engolir palavra por palavra; silêncio.
-- Não disse, Tiago? Pronto, eis aí o caminho livre. Não pense que eu ficarei doído. Não tenho o intuito de prestar solidariedade a ninguém. Não estou querendo lhe dar um prêmio de consolação. Não é do meu feitio.
Pedro tomou um gole do seu vinho. E eu não sabia o que fazer para me livrar daquela situação estática, sem voz, sem vontade, mas ainda sim capaz de odiar ainda mais aquele miserável que mantinha o tom de voz calmo, ao mesmo tempo que irônico, para falar comigo.


sábado, 1 de agosto de 2009
Segunda Parte

-- Isso é uma provocação, Pedro?
-- Uma constatação, Tiago!
-- Onde ela está?
-- Então você veio atrás dela?
-- Isso te diverte, não é?


sexta-feira, 31 de julho de 2009
Primeira parte



segunda-feira, 22 de junho de 2009
Mal de escritor
De repente, com um arranque, ele para.
Ela não entende. Aguarda que ele volte.
-- O que foi? -- pergunta ela.
-- Tive uma ideia. -- responde ele.
-- Mas e nós dois?
-- Eu já havia acabado.
-- O que?
-- Me satisfiz!
-- Eu não acredito que estou ouvindo isto. - diz ela, incrédula.
E ele, sem desgrudar os olhos da tela:
-- Você também já teve o que é seu por direito. E mais de uma vez.
-- Você não está fazendo isso comigo assim...
-- Amor, é uma ideia...
Ela não se atenta a explicação dele. Dá as costas e sai.

