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sexta-feira, 16 de junho de 2017

meu coração porta
essa ferida
aberta
num pedaço de tempo muito de tudo ali dentro se aloja.
inflama, infecciona, infla e arde
afloram brotoejas
ao redor
um cheiro!
eu choro
não sou de ferro.
morro de medo
de mim
risonho, olhando a ferida
dando nomes pra ela
- te chamo amor?
- qual nome lhe dou?
- te chamo de que?
morro de medo
de penicilina
É o que digo aos estudados médicos
que assim respondem
quando cumprimentados
pelo bafo das infecções surgidas
ao redor da minha ferida
- benzetacil

é assim que eles tratam
esse mau trato
da gente com a gente
morro de medo.
dessa ferida
dizem que sara
com injeção
eu a rejeito

digo: confio na vida,
no que pode o tempo
mas, bem lá no fundo,
já disse e repito:
eu morro de medo.

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