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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Devaneio

O ambiente é fantástico. Chega a ser METAFÍSICO. Lá está ele, recém aprovado no vestibular para a escola de Teatro, feliz, tomando um café, solitário, pensando em algum assunto interessante para escrever sobre, quando um outro se aproxima. Talvez seja impressão, mas parece que os dois se conhecem há muito tempo. Se observarmos mais, concluíremos que o outro é um filho de um amigo do pai do primeiro. Os dois ali cresceram juntos pelo simples fato dos pais trabalharem no mesmo lugar. Amigos? Não. A relação não poderia ser denominda assim. No máximo, conhecidos.
Quem os visse e empenhasse a audição para escutar o que conversavam, escutaria:
-- Então, UFMG né?
-- Huhum!
-- Meus parabéns.
-- Pois é!
-- Aposto que se empenhou.
-- Um pouco.
-- Estudou igual a um condenado?
(Condenado estuda?)
-- Nem tanto.
-- Inteligente como você, deve ter optado pela melhor engenharia! A que dá mais dinheiro. Imagina se escolheria outro curso qualquer...
-- Claro!
-- Qual delas escolheu? Produção? Cívil? Mecânica?
-- A melhor.
-- Qual?
-- A cênica!
Silêncio entre eles. Uma golada de café de um. Cara sem expressão do outro.
-- Mande lembranças ao seu pai. -- disse o aprovado, recolhendo suas coisas. Saiu e deixou o outro ali, ainda sem expressão.

O café já estava pago.

"Demitido? Meu pai? Imagina!"

-- Raysner, seu pai foi demitido?
Acho "demitido" um termo muito pesado. Soa mal. Me lembra o Justus fazendo aquela cara de mau, de quem foi muito contrariado, arqueando a sobrancelha, apontando com o dedo indicador e eliminando algum dos seus "aprendizes". Tá, pura frescura minha, mas prefiro adequar aos termos mais pedantes, desmasiadamente usados nesta contemporaneidade:
-- Vê lá se meu pai, trabalhando 22 anos incansavelmente, sem nenhuma falta ou ocorrência contra, dedicando a vida por uma empresa que, sem pensar duas vezes, o cortaria do quadro de funcionários seria assim, demitido! Ele apenas sentiu os reflexos da crise...

CRISE ESTA QUE, SEGUNDO O PRESIDENTE LULA,O BRASIL ESTÁ PRONTO PRA ENFRENTAR! (Meu pai, coitado,mesmo sendo brasileiro, não estava.)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Juro que não falo

Jurei que não falaria sobre minha aprovação no curso de Teatro, na Universidade Federal de Minas Gerais (mais precisamente em 13º lugar, o que me coloca entre aqueles que terão entrada no primeiro semestre para a primeira turma). Acho que isso ocupa espaço, é de pouca relevância, torna o meu blog uma espécie de "querido-diário-virtual" e há coisas mais interessantes para serem vistas na internet. Para que alguém perderia o tempo lendo os meus humildes relatos sobre este mês de janeiro que funcionou como um divisor de águas na minha vida? Quem se importaria em saber que o mês passado eu tive a impressão de que havia vivido o suficiente para um semestre? Vê lá se um ser conectado nesta teia de computadores, que oferece múltiplas formas de entreternimento, vai querer saber de toda a minha aflição vivida na durante o período pós-provas-da-segunda-etapa até o dia D, no qual o resultado foi divulgado, às 14 horas (era uma sexta feira, dia 23/01, e a Josi, uma companheira de turma, quem me deu a notícia)? Ninguém, não é mesmo? Por isso eu não o fiz. E talvez eu nunca faça. Não pretendo relatar nada que trate da minha mais nova escola (e vitória). Por mim, todos os carissímos leitores que passam por aqui morrerão sem saber que valeu a pena acordar às 5 da manhã, pegar ônibus lotado, estudar durante toda as férias, almoçar durante um mês sanduíche do Carrefour, só falar de Getúlio Vargas e Fidel Castro, deixar tudo de lado, mas, no fim, ver meu nome na lista de aprovados.
Nem sob tortura o farei. Vê lá se alguém terá paciência para ler tamanha balela!