"Energia" era a palavra de ordem do início dos trabalhos do quarto dia de temporada. Se nas duas noites anteriores fizemos um espetáculo demonstrando que sabíamos o que precisava ser feito "tecnicamente", já passava da hora de injetarmos vida no trabalho. "Estar" de fato. Corpo e mente presentes, atentos, precisos. Organicidade. Ritmo. Tátibitati. Um belo colorido em um desenho bem delineado. Acreditar no que se faz.
E hoje em dia é difícil encontrar por aí algum coletivo com mais de cinquenta pessoas [de diferentes gostos, vontades, estéticas, formações e visões] que o desejo de fazer a coisa toda funcionar é unânime. Há um anseio de aprimorar o espetáculo e fazer igual ou melhor [e menos nervoso] que a primeira noite, em que pairava a boa sensação de dever cumprido. Evoé. Nostalgia!
(Um instante: onde lê-se "nostalgia", leia " por acaso somos um bando de moribundos no final da vida? Não. Deixa o tal "recordar é viver" pra outro momento porque às 20 horas em ponto o público adentrou os reinos oníricos [e caótico] de Dionísio e lá estava mais uma boa oportunidade de colocar este romantismo mamão com açúcar - o fiz e foi tão lindo... - de lado e remar com coragem".) E foi o que fizemos.
Mais cedo, o Hilde havia nos pedido que tirássemos aquela calma das nossas caras e ficássemos atentos. Na hora bateu feito um safanão no pé do ouvido. Mas depois houve boas reverberações em cena. Aquilo de saber o que fazer e abrilhantar o como se faz. No conforto do "jogo ganho" esse brilho não dá o ar da graça e parece que estamos apenas cumprindo tabela. Fora os "imprevistos" que podem aparecer graças a este afrouxamento e serem decisivos em um espetáculo de tantos detalhes. Nesta noite, a chamada de atenção nos fez bem. As passagens de uma cena para outra estavam fluídas e a tal energia estava lá em cima
A plateia - que engraçado! que honra! - repleta de gente que já assistiu o espetáculo anteriormente reage conosco a cada nova cena. Já sabe onde ir na hora certa. Cantam com os atores. O professor Arnaldo Alvarenga estava com o "Na Carreira" na ponta da língua e sua voz se juntou às nossas. Difícil pensar que os professores Marcos Alexandre e Luiz Otávio não se divertiram naquela noite. A risada dos dois é um à parte no espetáculo e, claro, sempre bem vindas. Quem veio pela primeira vez também se contagia.
-- Alguém abandonou o barco durante "A viagem"?
-- Parece que não, capitão.
-- Ora pitombas! Isso é muito bom, senhores!
Se houve falha ali ou aqui, a energia boa entre nós passou por cima de manteve tudo em ordem. Palavrinha poderosa essa. Casada com a técnica, faz das duas horas de peça uma celebração. Um bom encontro. E por ali, na sala onde guardamos os nossos figurinos e objetos de cena, pipocar vários comentários do tipo "fizemos um bom trabalho".
FELIZ É QUEM CONSEGUE SUPERAR AS PROVAÇÕES AO LONGO DESTA VIDA.
Sátiros.
2 comentários:
Muitooo, muitooo , muitooo bom! to adorando relembrar nossas aventuras aki no seu blog! vc escreve muito bem garoto! arrasaa! bju bjuuu
Gostei!
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