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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

desde sua partida

Houve um tempo de calmaria. De quietude, suspiros, contemplação, sorrisos: nunca disse, mas desconfiava que isso podia ser amor. Hoje o mar está agitado. “Conte sete estrelas no céu à noite e sonhará comigo”. Estremeci. Foi sussurrado, ainda me lembro. Tímido, ao pé do ouvido: “Conte sete estrelas no céu à noite e sonhará comigo”.

O mar estava bravo, as ondas altas, o tempo fechado. Sim, havia uma tempestade! Uma tempestade horrível. Ainda não era noite porque o sino continuava imóvel na torre da igreja. “Conte sete estrelas no céu a noite e sonhará comigo”. Foi isso que ele me disse na noite em que nós nos conhecemos. Usava um paletó de quatro botões e já faz tanto tempo! Os pequenos já não são cabem no afago do meu colo e... Hoje eu arrumei nosso quarto. Troquei o lençol da nossa cama, retirei o pó dos nossos móveis, abri as janelas para que o ar circulasse, retirei todas suas coisas de dentro do guarda-roupa e as organizei novamente. Você deve estar próximo...! Quem sabe não se arrependeu? Caiu em si...Eu não me conformo com sua partida! Foi o meu cabelo? O jeito que eu arrumava a cama? Olha aqui, eu faço tudo de outro jeito. O meu café não era tão forte? Talvez a minha voz...? Você nunca gostou das minhas músicas... “Conte sete estrelas no céu a noite e sonhará comigo” Pra quê? É em sonho que eu vou viver a minha vida? E eu, que sou de carne e osso? E eu que sou lágrimas e arrepios? E eu que sou saudade? E eu?

2 comentários:

Charles disse...

Gosto Muito.

Leno disse...

Eu conheço essa frase: "Conte sete no céu à noite e sonhará comigo". Mas não consigo lembrar de onde é e quando busco no google só encontro este blog. Pode me ajudar?