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domingo, 21 de abril de 2013

desconfio

espia só! agora a coisa entre os dois mais parece um esconde-esconde...
'bom dia!'
'bom dia!'
'bonito dia...'
'bonito dia.'
'pois é!'
'é o outono'
'e este friozinho...'
'este friozinho...'
(...)
'a gente se fala.'
'a gente se vê.'
'quando eu te vejo?'
'a gente pode marcar...'
'claro.'
'então: vamos marcar...'
'vamos marcar!'
'qualquer dia desses...'
'a gente marca qualquer coisa...'
'um vinho...'
'um vinho!'
'pode ser um cinema também.'
'cinema! adoro cinema.'
'tem aquele filme...'
'qual filme?'
'o que estreou!'
'ah... aquele...'
'pois é. você comentou comigo naquele outro dia... como é mesmo o nome?'
'ah, é um nome duplo... como é que é?... Ah, esquece! a gente não vai lembrar.'
'pois é.'
'então, fica combinado: qualquer dia a gente marca!'
'qualquer dia.'
'maravilha!'
'maravilha!'
'ficamos assim. a gente se vê.'
'a gente se fala'.
e aí, eu olho para estas duas criaturas que se despedem num cruzamento qualquer, no coração da cidade, e concluo a coisa mais óbvia do mundo: falta-lhes uma boa dose de coragem.
mas espera!
um instante: olhe bem nos olhos daqueles dois. Repara naquilo que lembra uma faísca... Isso! Essa coisa que brilha.
sei lá, sei lá...
desconfio que isso é coisa daquele tipo de encantamento que transborda.
e que paralisa.
e que deixa a gente ir só até ali.
passar dali é somente se...
(um mundo de se)
mas a coisa fica refletida nos olhos.
essa coisa que transborda.
sabe como?
pois é.
desconfio...


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