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quinta-feira, 22 de setembro de 2011
domingo, 18 de setembro de 2011
domingo, 11 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
rascunho aberto
A atriz se dirige ao centro do palco.
Eu também odeio isso, podem acreditar. Odeio essa coisa do ator vir até o centro do palco e em um microfone ficar falando sobre suas experiências pessoais, dando depoimento, lição de vida... Detesto quando confundem isso aqui com análise. (respira fundo) Mas hoje eu estou precisando falar.. Olha, se vocês querem um conselho útil do eu tenho um: não se apaixonem por dramaturgos. Não mesmo! É idiotice. Eu já fui menos idiota do que isso. Ele pensa que não precisa de mim, mas se não sou eu pra dar as porcarias dos textos dele... Ora, porque ele não é nenhum Tcheckov, Beckett ou Grace Passô. Se não sou eu aqui pra falar essa bobajada toda, coitado!
desde sua partida
Houve um tempo de calmaria. De quietude, suspiros, contemplação, sorrisos: nunca disse, mas desconfiava que isso podia ser amor. Hoje o mar está agitado. “Conte sete estrelas no céu à noite e sonhará comigo”. Estremeci. Foi sussurrado, ainda me lembro. Tímido, ao pé do ouvido: “Conte sete estrelas no céu à noite e sonhará comigo”.
O mar estava bravo, as ondas altas, o tempo fechado. Sim, havia uma tempestade! Uma tempestade horrível. Ainda não era noite porque o sino continuava imóvel na torre da igreja. “Conte sete estrelas no céu a noite e sonhará comigo”. Foi isso que ele me disse na noite em que nós nos conhecemos. Usava um paletó de quatro botões e já faz tanto tempo! Os pequenos já não são cabem no afago do meu colo e... Hoje eu arrumei nosso quarto. Troquei o lençol da nossa cama, retirei o pó dos nossos móveis, abri as janelas para que o ar circulasse, retirei todas suas coisas de dentro do guarda-roupa e as organizei novamente. Você deve estar próximo...! Quem sabe não se arrependeu? Caiu em si...Eu não me conformo com sua partida! Foi o meu cabelo? O jeito que eu arrumava a cama? Olha aqui, eu faço tudo de outro jeito. O meu café não era tão forte? Talvez a minha voz...? Você nunca gostou das minhas músicas... “Conte sete estrelas no céu a noite e sonhará comigo” Pra quê? É em sonho que eu vou viver a minha vida? E eu, que sou de carne e osso? E eu que sou lágrimas e arrepios? E eu que sou saudade? E eu?
domingo, 10 de julho de 2011
da turbulência...
sexta-feira, 8 de julho de 2011
como [ou melhor que] a primeira vez
o fantasma da pós estreia
Durante as antigas e grandes expedições em busca de novos cantos no mundo, os viajantes ficavam à mercê dos mistérios lendários que os mares abrigavam. Assim nos conta a história. E é assim que também nós, viajantes-atores ,nos sentimos nas duas apresentações após a estreia.
Os trabalhos do segundo dia começaram com uma curta reunião com o diretor Hildebrando que nos parabenizou pela boa [porém nervosa] estreia. Destacou os pontos positivos e negativos que tivemos no primeiro dia, apontou aspectos que mereciam mais atenção e nos alertou: “Cuidado com a lenda do segundo dia!”
Dizem que segundo dia de espetáculo é sempre ruim quando se faz uma boa estreia. Porque ator é ator e ego a gente tem de sobra. Diante da boa recepção do público na primeira noite, corríamos o risco de afrouxarmos os corpos, deixarmos a energia cair, perder o estado de prontidão para as mil e uma coisas que acontecem simultaneamente durante o espetáculo e marcarmos gol contra por acharmos que o “jogo” já estava ganho. “Pelas caras cansadas de vocês eu vejo que estamos perto de tornar real essa lenda”, completou o Hilde.
Estávamos sim cansados, mas havia um comprometimento de nossa parte de não deixar a coisa toda desandar. Também tinha o frio que, como já havíamos imaginado, não colaborava e estava desencorajador usar as poucas peças de figurino do início do espetáculo. Pairava outro mistério: será que numa noite fria de terça-feira teríamos público?
Tivemos! Um pouco menor do que na noite de estreia, mas mesmo assim tínhamos quase todos os lugares preenchidos. E isso nos deu um gás a mais para suportar a friagem, superar o cansaço e novamente realizar um bom espetáculo que fosse melhor do que o primeiro (quem sabe?).
No dia seguinte quando o Hilde nos disse que havia sido "um espetáculo técnico” não foi nenhuma surpresa para nós do elenco. “Não podemos fazer menos do que fizemos ontem”, completou. O que algo havia se perdido na noite de terça: Energia? Emoção? Presença dos atores? Envolvimento do público? Segurança naquilo que propúnhamos? Precisão? Ritmo? Todas as outras opções que fazem de uma apresentação um bom espetáculo? Mistério!
E aí veio a terceira noite, na quarta, dia 06. Em geral, apesar das lacunas, foi um bom espetáculo. O público se mantém e compartilha conosco as duas horas de peça. Olhares atentos, muitos casacos e há quem se arrisque a cantar o "Na Carreira" junto conosco ou nos ajudar no "Samba de Shakespeare" com palmas. Se divertem. E isso nós do elenco sentimos porque nos faz muito bem. Porém sabemos que podemos oferecer mais. Este "empate" que diverte quem nos assiste pode muito bem voltar a ser uma goleada. Que venha as outras quatro noites.
Mar adentro.
"Eia, homem. Vamos, vamos!"
OS CAVALEIROS