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segunda-feira, 12 de novembro de 2012
domingo, 11 de novembro de 2012
Vá morar com o Sete Pele!
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Prólogo
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
#2
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Pilar e Percival
sábado, 6 de outubro de 2012
bem pra lá
domingo, 30 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
exercício
terça-feira, 20 de março de 2012
dos rascunhos// quase cena//
Abre a cena com ele ali, afundado em uma poltrona. Ela, de fora.
Ela: Falta apenas quinze minutos, Lívio.
Ele: Não me importo.
Ela: Não acredito nisso! Você ainda está aqui, assim!
Ele: ...
Ela: Até quando, Lívio? Até quando?
Ele: Não sei.
Ela: O que é que você está esperando! Vá se vestir.
Ele: Não tenho vontade.
Ela: Vontade?
Ele: É. Não tenho nenhuma.
Ela: Agora não é hora.
Ele: É que fiz uma descoberta.
Ela: Agora não é hora.
Ele: Uma descoberta importante...
Ela: Ligou para Geórgia? Geórgia não perderia isso aqui por nada deste mundo. Você sabe como é Geórgia!
Ele: Gostaria de lhe contar...
Ela: Geórgia é uma daquelas sentimentalóides que se ofende por não ser lembrada. E eu não quero que Geórgia fique ofendida comigo. Não agora. Não que eu faça muita questão dela, mas sabe como são essas coisas. Não quero que ninguém mais se ofenda comigo. Isso serve também para Tereza.
Ele: Acho que agora sim entendi tudo. Esta minha descoberta me fez entender tudo. Nesta altura da vida, veja só, a coisa toda se desvenda para mim assim, simples, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Ela: E Tereza já está sabendo?
Ele: Acredito que sim. Todos já sabem.
Ela: E você continua aqui, assim, sem se vestir? Se Tereza já sabe, logo estará por aí.
Ele: E você sabia?
Ela: Lívio, agora não é hora. Sabe quanto tempo temos?
Ele: Eu sou um homem ridículo!
Ela: Menos de quinze minutos, é certo.
Ele: Deus do céu! Como é bom dizer isso: Eu sou um homem ridículo!
Ela: Se Tereza já sabe, em pouco tempo está aqui. Você sabe muito bem como é a Tereza.
Ele: Isso te incomoda?
Ela: Quero que você se vista.
Ele: Eu sou um homem ridículo.
Ela: Coloque aquele seu terno preto que sua mãe lhe deu. Aquele, que pertencia ao seu pai.
Ele: Isso te incomoda?
Ela: Já estava separado em cima da cama desde ontem.
Ele: Você casada a vida inteira com um homem ridículo!
Ela: Você sabe: se eu fosse guiada pelo meu ponto de vista estético, eu o pegava e o rasgava com minhas próprias mãos.
Ele: Por que não fez?
Ela: Não sei. Mas agora não interessa. Passou. Até acho que aquele terno preto, ridículo, fedendo a naftalina, lhe cai bem.
Ele: Quem diria!
Ela: Pois é, meu querido.
Ele: Você era tão linda, Áurea.
Ela: Ontem...
Ele: Tão linda.
Ela: Quando eu vi aquele pedaço de pano velho em cima da cama...
Ele: O que é que passou pela sua cabeça?
Ela: “Isso só pode ser provocação!” eu pensei.
Ele: Não deve ter sido amor...
Ela: Mas aí, me acostumei.
Ele: Nunca foi amor.
Ela: Sentei na cama e fiquei olhando aquele terno preto, dado pela sua mãe, que era do seu pai e pensei: é assim. As coisas serão sempre assim.
Ele: Vou colocar uma música.../
Ela: Da senhora Betânia você não se esqueceu, esqueceu?
Ele: Uma música triste para deixar tudo mais triste.
Ela: Você sempre se esquece da Betânia!
Ele: Alguma sugestão?
Ela: Que implicância com a Betânia você tem, Lívio.
Ele: Uma sugestão, Áurea.
Ela: O que é que você está fazendo Lívio?
Ele: Uma música triste para deixar tudo mais triste.
Uma música triste para deixar tudo mais triste.
Ela: Sabe quanto tempo falta?
Ele: Geórgia disse que vem. Mamãe disse que ela não perde isso por nada neste mundo.
Ela: Você sempre sendo o motivo dos nossos atrasos, Lívio. Vá se vestir. Tereza já deve estar para chegar.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Agora que estou aqui, como uma atriz que entra em cena sem ter ensaiado, me ocorre que eu deveria ter pensado em alguma coisa, escolhido melhor as palavras e até ensaiado algumas vezes de frente para o espelho caso tivesse sido possível. Mas você sabe como são essas coisas. Ou pelo menos tem cara de saber. Como é mesmo que se diz? Ímpeto. É essa a palavra. Ímpeto. Sempre gostei da sonoridade desta palavra – ímpeto. Foi assim. A vida nem estava assim, como se diz, complicada. Não, não estava. No bar, era só eu me cuidar, me esquivar dos bêbados e servir-lhes o que me pedissem. Bastava. Era simples. Desde que não me colocassem a mão e, no banheiro, acertassem o buraco daquele vaso, me daria por satisfeita. Iria vivendo. Sobrevivendo. E isso bastava. E no fundo é o que todo mundo quer. É o que eu queria. Ficar por ali, como sempre estive. Os copos eu até gostava de lavar e eram muitos. Eu não me importava. Nem de lavar os copos e tão pouco esfregar o chão. Mas o banheiro – pior: o vaso! Ainda faltava aquele objeto sujo. Mais sujo do que o normal. E meu coração saltava pela boca. Não pelo vaso, mas por aquele cartão, no bolso do meu avental. Nome, sobrenome, endereço e telefone fixados. Ímpeto. Sempre achei o som desta palavra muito bonito sem saber que na verdade isso significava deixar aquele vaso como estava, enfiar toda minha vida nesta mala, pegar o primeiro trem e... Você sabe como são essas coisas. Ou pelo menos tem cara de saber.