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sábado, 26 de dezembro de 2009
Casualidades natalinas
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
E novamente ele se aproxima dela.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Quinta Parte
***
-- Não é brincadeira.
-- A merda, Pedro! Estive com ele não faz duas horas. O professor, a esta altura, deve estar...hum... Pensemos... Tomanhando um licor, junto a sua senhora, depois de um farto jantar. -- minha voz assumiu um tom infantil. -- Como eles formam um belo casal, aqueles dois.
-- Pára com isso!
Não lhe dei atenção. Prossegui:
-- Pena que você e a Vitória não poderão ter um futuro bonito como o presente dos Abravanel. Pelo menos não em vida. Se eu fosse você passava a acreditar agora em vida eterna, céu, Deus, essas coisas. Acho que vai tornar tudo mais fácil pro seu lado...
-- Ela é minha de novo? Pois bem, agora eu que não quero. Não posso aceitar tamanha solidariedade da sua parte. Mas olha pelo lado bom: Pelo menos lá no céu eles devem ter assinalado esta sua tentativa solidária de me fazer o bem. Você vai ter como argumentar antes de ir direto pro inferno.
-- Isso é pra ser engraçado, Tiago?
-- Quer saber, Tiago? Esta sua ceninha em nada me comove.
-- Ah, não?! - tomei um gole do vinho.
-- Não. E sabe por que?
-- Prefiro que você me conte.
-- Porque eu não consigo enxergar em você nenhum sentimento pela Vitória. Nem agora, nem antes. E se você algum dia sofreu de verdade não foi mais que merecido.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Quarta parte
***
-- Você é o culpado por tudo isso, Tiago!
-- Cala sua boca!
-- Eu não lhe entendo. Foi você quem fez as opções que fizeram a vida tomar este rumo.
-- Se eu estivesse atrás de entendimento teria ido a um psicólogo.
Pedro fixou seu olhar em mim.
-- Você não veio aqui pra me visitar, não é?
-- É o que parece?
-- Tão pouco para ver a Vitória...
-- Estamos começando a entender o joguinho, Pedro!
-- O que você veio fazer aqui, Tiago?
-- Ah! Tava tão bom! Continue, Pedro!
Pela primeira vez eu quem dominava a situação. O risinho cínicio havia sumido do rosto dele. Percebi também uma certa apreensão na sua voz . Coisa demais para alguém que só sabia variar para o tom irônico.
-- Fala logo, cacete!
-- Eu não quero falar, Pedrão! Quero fazer a linha psicopata.
-- Babaca.
-- Isso, assim! Vamos... Continue. E olha que eu ainda nem lhe mostrei o principal.
-- O que será o principal, Tiago? Uma arminha?!
Pedrou soltou uma sonora, porém nervosa, gargalhada.
-- Mas como você é óbvio.
-- Ás vezes é na obviedade que se encontra o acerto.
-- É? E essa frase? Pesquisou na internet antes de vim pra cá, bancar o psicopata?
-- Íncrivel sua incapacidade de sentir o risco que corre, Pedro.
-- Talvez seja porque ele não exista. - ele disse. E num passe seu rosto voltou a estampar o velho sorrisinho.
Minha mão sacou a arma, que até então estava presa no cós da minha calça. Apontei instintivamente para a cabeça dele.
-- E agora? Será que isso serve de estímulo para os seus instintos?
Ele engoliu seco.
-- Me parece que você queria falar muito comigo, Pedro. Pelo menos foi o que você me disse quando eu cheguei. Estou todo ouvido.
Puxei uma cadeira que ficava no pé da cama e me sentei.
-- Faça o mesmo! - ordenei.
Ele, vagarosamente, abaixou-se e sentou no chão, com o olhar fixo na arma.
-- Achei que gostaria de saber, Tiago. - ele me disse.
-- Saber o que, carissímo?
-- Que o professor Benjamim foi assassinado! - a voz de Pedro transbordou firmeza com esta exclamação. -- E que o próximo da lista deles sou eu.
domingo, 2 de agosto de 2009
Terceira parte
***
A porta do quarto estava entreaberta. Tomei cuidado para abri-la sem que ela fizesse o habitual rangido que me denunciaria. Se bem que, a esta altura, pouco me importava com a hipótese do Pedro me pegar aqui. Melhor que ele viesse atrás de mim e aí sim a festa ficaria completa: Nós três reunidos no cômodo onde os pombinhos deviam dar sonoras gargalhadas com piadas sobre mim, depois de desfrutarem dos prazeres sexuais. Por um instante imaginei Vitória elogiando o desempenho dele e, em seguida, caçoando do meu, comparando-o negativamente. Será que eu pelo menos na cama a satisfazia ? Que tolice! Mesquinharia de ultima hora. Reflexão tardia. Ela já não era minha, mas dele. E fui eu quem a entreguei de bandeja para o tal Pedro. Meu único e melhor amigo que vinha de lugar nenhum, atrás de coisa alguma.
-- Ela não está aqui, Tiago! - quase tive um ataque do coração quando percebi a presença dele atrás de mim, no pequeno corredor.
De fato: Os pensamentos pareciam ter me cegado. Abri a porta, liguei a luz do cômodo e contemplei, mas não tinha dado por mim até o momento que o Pedro apareceu.
-- Onde ela está?
-- Na casa dos pais dela, caso tenha sorte.
A cama estava feita e o quarto surpreendentemente arrumado. Com certeza ela quem havia colocado ordem nas coisas. Não! Não era o momento de ficar maquinando histórinhas. Ele ainda não havia me dito onde ela estava com certeza.
-- Caso tenha sorte?
-- Me parece que o pai dela não a queria nunca mais sob o teto dele.
-- E por que ela não está aqui?
-- Porque aqui não é mais o lugar dela. Aliás: nunca foi.
Pedro me entregou outra taça de vinho transbordando. O cheiro quase me fez vomitar. Meus músculos formigavam e eu tremia por dentro.
-- Fala logo, cacete! Ela estava vivendo aqui, com você!
-- Estava. A mandei embora. Aqui não é lugar pra ela. Não ao meu lado.
-- Filho de uma puta!
-- O que há, Tiago? - Pedro perguntou, me encarando. -- Eis aí uma realização de um sonho, não? Ela não tá mais comigo! Do jeito que você tanto desejou.
-- Desejei o escambau.
Ele riu-se.
-- O escambau! - a gargalhada dele adquiriu um ar irônico, como sempre. -- Fala que não, Tiago! Fala! Me diz que eu estou enganado, mas me convença. Do contrário terei a certeza de que você não passa de um ressentido.
Não consegui falar. A voz me traía, junto com o corpo que se imobilizara, não permitindo que eu sacasse a arma e fizesse o filho da mãe engolir palavra por palavra; silêncio.
-- Não disse, Tiago? Pronto, eis aí o caminho livre. Não pense que eu ficarei doído. Não tenho o intuito de prestar solidariedade a ninguém. Não estou querendo lhe dar um prêmio de consolação. Não é do meu feitio.
Pedro tomou um gole do seu vinho. E eu não sabia o que fazer para me livrar daquela situação estática, sem voz, sem vontade, mas ainda sim capaz de odiar ainda mais aquele miserável que mantinha o tom de voz calmo, ao mesmo tempo que irônico, para falar comigo.
sábado, 1 de agosto de 2009
Segunda Parte
-- Isso é uma provocação, Pedro?
-- Uma constatação, Tiago!
-- Onde ela está?
-- Então você veio atrás dela?
-- Isso te diverte, não é?
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Primeira parte
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Mal de escritor
De repente, com um arranque, ele para.
Ela não entende. Aguarda que ele volte.
-- O que foi? -- pergunta ela.
-- Tive uma ideia. -- responde ele.
-- Mas e nós dois?
-- Eu já havia acabado.
-- O que?
-- Me satisfiz!
-- Eu não acredito que estou ouvindo isto. - diz ela, incrédula.
E ele, sem desgrudar os olhos da tela:
-- Você também já teve o que é seu por direito. E mais de uma vez.
-- Você não está fazendo isso comigo assim...
-- Amor, é uma ideia...
Ela não se atenta a explicação dele. Dá as costas e sai.
sábado, 14 de março de 2009
O café, o beijo e um sino tocando ao fundo...
-- Você não foi ao aeroporto.
-- Eu sabia que você não entraria no avião. Não iria perder meu tempo.
-- Olha pra mim!
-- Pra que?
-- Pra ver o meu estado.
-- Por que eu deveria?
-- Vira!
-- Você está gritando.
-- Eu te amo.
-- Não tenho tempo pra suas asneiras. A Europa é muito mais interessante do que aqui. Deveria ter ido.
-- Você morreria.
-- Os alpes estão sumindo! Talvez você não terá tempo de vê-los mais. Nem tempo, nem oportunidade.
-- Eu te amo!
-- O ínicio da primavera européia é...
-- Não me trate com indiferença.
-- Não deveria?
-- Sabe que não.
-- Por que você fez isso comigo?
-- Eu te amo!
-- Olha o meu estado!
Ele já estava de pé, exaltado. Os dois se encararam. Os rostos estavam pertos demais. Ela era alta, mas ele conseguia ser maior. Mesmo suada, exalava aquele perfume maravilhoso que ele a dera no natal passado. Todos os sons do café, de repente, desapareceram. As nuvens de fumaça sumiram.
-- Eu te amo!
Ele fechou os olhos.Talvez tenha sido o beijo mais apaixonado dos dois. Não importava as pessoas, a fumaça, o café, nada! Beijaram-se sem pudores. Alguém ao fundo começou a tocar um sino freneticamente. O som cortava o silêncio que o café estava mergulhado. Ele resolveu verificar quem era o maluco que fazia o barulho ali, naquele café de pessoas discretas...
Abriu os olhos e olhou para o lado.
A única coisa que viu foram os números vermelhos do despertador marcando 9:10.
Nunca odiou tanto aquela sineta.
A esta hora o avião já teria partido e ele não havia caído na tentação de ter ido vê-la feliz, ao lado do outro.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Devaneio
Quem os visse e empenhasse a audição para escutar o que conversavam, escutaria:
-- Então, UFMG né?
-- Huhum!
-- Meus parabéns.
-- Pois é!
-- Aposto que se empenhou.
-- Um pouco.
-- Estudou igual a um condenado?
(Condenado estuda?)
-- Nem tanto.
-- Inteligente como você, deve ter optado pela melhor engenharia! A que dá mais dinheiro. Imagina se escolheria outro curso qualquer...
-- Claro!
-- Qual delas escolheu? Produção? Cívil? Mecânica?
-- A melhor.
-- Qual?
-- A cênica!
Silêncio entre eles. Uma golada de café de um. Cara sem expressão do outro.
-- Mande lembranças ao seu pai. -- disse o aprovado, recolhendo suas coisas. Saiu e deixou o outro ali, ainda sem expressão.
O café já estava pago.
"Demitido? Meu pai? Imagina!"
Acho "demitido" um termo muito pesado. Soa mal. Me lembra o Justus fazendo aquela cara de mau, de quem foi muito contrariado, arqueando a sobrancelha, apontando com o dedo indicador e eliminando algum dos seus "aprendizes". Tá, pura frescura minha, mas prefiro adequar aos termos mais pedantes, desmasiadamente usados nesta contemporaneidade:
-- Vê lá se meu pai, trabalhando 22 anos incansavelmente, sem nenhuma falta ou ocorrência contra, dedicando a vida por uma empresa que, sem pensar duas vezes, o cortaria do quadro de funcionários seria assim, demitido! Ele apenas sentiu os reflexos da crise...
CRISE ESTA QUE, SEGUNDO O PRESIDENTE LULA,O BRASIL ESTÁ PRONTO PRA ENFRENTAR! (Meu pai, coitado,mesmo sendo brasileiro, não estava.)